segunda-feira, 26 de janeiro de 2015


Mercado já prevê inflação próxima de 7% em 2015, o maior valor em 11 anos

Estimativa de crescimento econômico deste ano recua para 0,13%.
Para 2016, mercado prevê menos inflação e alta menor do PIB.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília
Os economistas do mercado financeiro elevaram novamente sua estimativa de inflação para este ano, que passou de 6,67% para 6,99%, o que configura, se confirmado, o maior valor em 11 anos, segundo pesquisa conduzida pelo Banco Central na semana passada com mais de 100 instituições financeiras. Essa foi a quarta alta seguida da previsão na expectativa de inflação do mercado financeiro.
O levantamento dá origem ao relatório de mercado, também conhecido como Focus, divulgado nesta segunda-feira (26) pelo Banco Central. Para 2016, porém, a expectativa de inflação do mercado financeiro caiu de 5,7% para 5,6% na última semana, informou a autoridade monetária.
Com isso, a estimativa do mercado para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2015 segue acima do teto do sistema de metas. A meta central de inflação para este ano e para 2016 é de 4,5%, com tolerância de dois pontos para mais ou para menos. O teto do sistema de metas, portanto, é de 6,5%. Em 2014, a inflação somou 6,41%, o maior valor desde 2011.
Se confirmada a previsão de 6,99% para a inflação neste ano, será o maior valor desde 2004 - quando o Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referência para o sistema brasileiro de metas de inflação, somou 7,60%. Entre 2005 e 2014, o maior IPCA foi em 2011, quando a inflação ficou no limite das metas ao somar 6,50%.
Cenário para a inflação em 2015
Mesmo com o baixo nível de atividade e com a queda dos preços das "commodities" (produtos básicos com cotação internacional), fatores que atuam para conter a inflação, a alta do dólar e dos preços administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros), continuam pressionando os preços. Além disso, a inflação de serviços, impulsionada pelos ganhos reais de salários, segue elevada.
O governo, para reorganizar as contas públicas, informou que não fará mais repasses para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) neste ano, antes estimados em R$ 9 bilhões. Com isso, a alta da energia elétrica neste ano pode chegar a até 40% em 2015.
Ao mesmo tempo, também anunciou o aumento da tributação sobre os combustíveis - o que pode gerar um aumento de mais de 8% na gasolina e de 6,5% no diesel nas próximas semanas. Com isso, os chamados "preços administrados", segundo o mercado, devem subir pelo menos 8,2% em 2015, o maior aumento em dez anos. O peso dos preços administrados no IPCA é de cerca de 25%.
Economia fraca
Ao mesmo tempo em que elevou sua estimativa de inflação para cerca de 7% neste ano, os economistas do mercado financeiro também baixaram sua previsão para o crescimento da economia brasileira neste ano.
Para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, os economistas reduziram a estimativa de alta de 0,38% para 0,13% na última semana – na quarta queda consecutiva. Para 2016, a estimativa de expansão da economia caiu de 1,8% para 1,54% de alta na semana passada.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o crescimento da economia.
No fim de outubro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a economia brasileira saiu por pouco da recessão técnica no terceiro trimestre de 2014 – quando o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,1% na comparação com o trimestre anterior. De janeiro a setembro, a economia teve expansão de 0,2% frente ao mesmo período do ano passado. Já no acumulado em quatro trimestres até setembro, a alta foi de 0,7%.
Na semana passada, durante encontro reunião do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou que espera um PIB "flat" (próximo de zero) neste ano. Ele anunciou, nas últimas semanas, aumentos de tributos e medidas para conter gastos públicos com o objetivo de resgatar a confiança na economia brasileira.

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