Polícia Federal descobre plano para matar deputado federal Luiz Couto
Secretaria
de Segurança nega o caso e secretário Valber Virgulino, citado pelo
petista, diz que ele "quer aparecer"; Secretaria de Comunicação emite
nota e diz que Governo vai apurar as denúncias
Escândalo | Em 01/10/13 às 11h08, atualizado em 01/10/13 às 16h33 | Por Redação
A
Polícia Federal descobriu um plano para matar o deputado federal Luiz
Couto (PT-PB). O deputado alega que ficou sabendo do plano por meio de
agentes federais, na sexta-feira passada (27). Quando desembarcou no
aeroporto Castro Pinto, em Bayeux (região metropolitana de João Pessoa)
teria recebido a recomendação de agentes da PF de suspender todas as
atividades públicas previstas para o final de semana em sua agenda.
O
plano envolveria dois pistoleiros de Alagoas, que já estariam em
território paraibano, e também teria como alvo a ouvidora da Polícia
Civil, Valdênia Paulino. Segundo os agentes relataram, "havia uma
majoração do risco à integridade física deste parlamentar". A ouvidora
está fora do Brasil.
A Secretaria de Segurança Pública e
Defesa Social da Paraíba desconhece a informação de que haveria um plano
para matar o deputado federal Luiz Couto (PT). O secretário Cláudio
Lima, nesta terça-feira (01), negou que tenha conhecimento desse plano e
alega que soube dos fatos através da imprensa.
Luiz contou que
ficou surpreso, ao desembarcar na Paraíba e perceber que, além da
escolta da Polícia Federal que lhe acompanha, havia no saguão do
aeroporto um reforço de agentes e de policiais militares. Ele cancelou
sua agenda na Paraíba e retornou à Brasília (DF).
Pelo relato do
deputado federal, os supostos criminosos seriam contratados por R$ 500
mil e a transação desses valores teriam sido articuladas por um
ex-policial militar, identificado como Luiz Quintino de Almeida Neto. O
deputado sustenta que Quintino foi expulso da PM paraibana após inúmeras
denúncias feitas pela ouvidora Valdênia Paulino e por ele. "Quintino
foi preso durante a operação Squadre", lembrou.
O parlamentar
afirmou ter recebido denúncia de que parte do dinheiro [R$ 300 mil]
teria sido transportado por Dinamérico Cardim, agente penitenciário que
supostamente fez o carregamento do dinheiro numa caminhonete do Grupo
Penitenciário de Operações Especiais da Paraíba (Gpoe), pertencente à
Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).
Ainda segundo o
deputado federal, todo o levantamento desse plano teria sido feito pelo
serviço de inteligência da Polícia Federal, que teria detectado que dois
pistoleiros alagoanos estariam em João Pessoa para executar dois
militantes que combatem o crime organizado.
Um ofício assinado
pelo delegado da Polícia Federal, José Olegário Pereira Nunes, confirma o
cancelamento da agenda do deputado federal na Paraíba. No documento, o
delegado diz que, como medida preventiva, solicita o cancelamento da
viagem e "a participação de qualquer evento público".
Couto
ressaltou que, de acordo com a mesma denúncia, Dinamérico Cardim possui
em sua guarda um Fuzil IBEL, calibre 762, customizado, com luneta de
longo alcance, tripé metálico e munição calibre 762. Acrescentou que o
Gpoe é subordinado diretamente à pessoa do secretário da pasta, Walber
Virgolino da Silva Ferreira, e que só ele poderia determinar a saída e o
deslocamento deste grupo.
O deputado federal relatou, ainda, que
tomou conhecimento de que no dia 13 de setembro último, durante o
lançamento de uma revista, ocorrido numa casa de recepções em João
Pessoa, Walber Virgulino teria "destratado" o secretário de Segurança
Pública, Cláudio Lima. O secretário de Administração Penitenciária teria
acusando o secretário de Segurança e Defesa Social de proteger Luiz
Couto, a ouvidora Valdênia Paulino e de ficar ao lado "do povo dos
direitos humanos".
Valber Virgulino não quis comentar as
declarações de Luiz Couto. Ele parafraseou o poeta e ex-senador
Ronaldo Cunha Lima. "Minha alma, minha vida têm a transparência dos
cristais. Coloque coloque minha vida moral e funcional na balança e
compare com a de quem esta me acusando. Deixe o povo julgar", disse.
No
início da tarde, durante entrevista à uma emissora de rádio de João
Pessoa, o secretário de Administração Penitenciária voltou a se
pronunciar sobre o caso. "O que eu quero apenas é trabalhar. A gente
fica indignado, mas ele está no papel dele de bater, de aparecer. De
certa forma a mídia tem que notar a presença dele e eu não preciso
disso. Minha vida por si só já repercute. As atividades que eu faço não
são pra qualquer um", afirmou.
Em nota, a Secretaria de
Comunicação Institucional do Estado reafirma a versão da Secretaria de
Segurança. "A presença de policiais militares na escolta do deputado
federal Luiz Couto na data de sua última vinda ao Estado deveu-se a
apoio de rotina à Polícia Federal e não à denuncia que fundamentasse a
necessidade de reforço na proteção do deputado. A Secretaria de Estado
da Administração Penitenciária abriu sindicância para investigar o
suposto uso do veículo do Grupo Penitenciário de Operações Especiais,
bem como solicitou ao Ministério Público apuração dos fatos narrados na
denúncia do deputado Luiz Couto", informa.
O deputado federal
levou o caso, nesta segunda-feira (30) à tribuna da Câmara Federal.
Informou ter solicitado ao governador Ricardo Coutinho e ao
superintendente da Polícia Federal da Paraíba que investiguem as
denúncias. A PF informa que não pode se pronunciar sobre casos que
envolvam a segurança de parlamentares.
Ainda na nota, a Secretaria
de Comunicação do Estado argumenta que as denúncias do deputado
"carecem de fundamentação" para ajudar nas investigações. "O Governo do
Estado ressalta ainda que, no limite de suas competências, qualquer
ameaça à integridade do deputado será apurada de maneira enérgica pelas
forças de segurança da Paraíba", conclui a nota.
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