quinta-feira, 8 de maio de 2014

08/05/2014
Sales Dantas se rebela contra o PRB e exige entrega de cargos em Campina Grande e João Pessoa
A rebeldia de Sales é por conta da oficialização de entrega de cargos feita nessa quarta-feira (07) pelo presidente do partido, deputado Jutay Menezes. Na carta, o secretário fala em falta de coerência e questiona os reais motivos da decisão do parlamentar.
1 minuto atrás 06
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O secretário da Pesca da Paraíba, Sales Dantas, se rebelou contra o seu partido, o PRB, nesta quinta-feira (08), e enviou à imprensa uma carta onde exige da legenda a entrega de cargos nas prefeituras de Campina Grande e João Pessoa. A rebeldia de Sales é por conta da oficialização de entrega de cargos na administração estadual feita nessa quarta-feira (07) pelo presidente do partido, deputado Jutay Menezes. Na carta, o secretário fala em falta de coerência e questiona os reais motivos da decisão do parlamentar.

CARTA ABERTA

Por infeliz coincidência de nossa gramática, o mesmo termo que denota divisão é o que também representa a soma de ideias em busca de um objetivo comum. Ser ‘partido’, em sua essência – sob a ótica democrática – nada tem a ver com a dura realidade de ‘estar’ partido (a não ser que assim alguns desejem estar). Diante disso, não faz qualquer sentido que um agrupamento nascido com a intenção de buscar a equalização das ideias e ações haja de forma discrepante, ou popularmente dizendo: com dois pesos e duas medidas.

Na manhã desta quinta-feira fui surpreendido com manchetes dando conta que a cúpula estadual de nosso partido havia decidido deixar à disposição do governador os cargos que ocupamos na Administração Estadual. Chamou-me atenção, na verdade, não o fato da entrega (pois não confirma por si só o afastamento do grupo governista), mas pela falta de coerência com ‘o todo’.

Mesmo que não tenha havido uma conversa direta comigo para tratar da decisão, está subentendido (até onde sei) que a única intenção dessa medida é deixar claro nosso desejo de buscarmos autonomia para decidirmos nosso futuro, sem atrelamentos que possam comprometer essa decisão. Concordaria com a louvável tese se ela mesmo não se destruísse, no instante em que se ausenta a conexão com outras atitudes que também deveriam ter sido tomadas no mesmo sentido. Ora, por que apenas as funções que ocupamos no governo de Ricardo Coutinho precisam ser entregues em busca dessa “autonomia” para pensar? E os cargos que ocupamos na gestão cartaxista em João Pessoa (que tende a seguir Veneziano Vital ao Governo)? E os cargos que o PRB ocupa na gestão cassista em Campina Grande? Iremos também deixar à disposição para enfim encontramos ‘a paz de pensamento’ como tanto desejam alguns? Por que não aproveitamos as manchetes à nossa disposição para fazermos o anúncio da entrega de todos os cargos em bloco, sem distinções?

Se por outro lado, a intenção real é dar a pista ao governador que a decisão de nosso partido é dar as costas ao projeto de desenvolvimento que há meses construímos JUNTOS, erram mais uma vez esses poucos por precipitação, e mais grave: por ferir o preceito democrático que nos faz PARTIDO. Como a decisão do rompimento foi tomada se ainda não terminamos o nosso ciclo de conversações com nossas lideranças pelo Estado? Como uma decisão dessa magnitude pode ter sido fechada, se ainda não escutamos ainda as vozes do PRB nas duas principais cidades do Estado, João Pessoa e Campina Grande? Como resolvemos que iremos rumar longe do governador Ricardo Coutinho, se nossos companheiros de várias cidades já deixaram claro que desejam a manutenção da aliança com o grupo girassol, a exemplo do diretório de Sousa, que demonstrou claramente que quer trabalhar pela reeleição do governador?

Em meio a tantas perguntas, me incomoda a mais dura delas: será que estamos agindo da forma mais correta com tudo que até hoje construímos como partido?

Não quero que minhas palavras nesse desabafo sejam encaradas como uma afronta a meus companheiros de partido que entendem que seguir Cássio ou Veneziano nessa batalha seja o melhor caminho. Mesmo convicto de minha posições, em momento algum de nossa construção de ideias me posicionei como um sabotista de suas teses. Meu esforço até agora teve (e tem) como objetivo buscar a equalização do debate, para que cumpramos nosso papel de personagens político em um país de pensamento livre.

Luto para que a edificação de nossas decisões seja tomada de forma democrática e justa, sem medidas desiguais quando os pesos são os mesmos. Se deixamos à disposição nossos cargos no governo de Ricardo Coutinho, façamos o mesmo nos que são comandados por Cássio e influenciados por Veneziano. Isso sim é demonstração de autonomia plena. Assim seja.

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