28/04/2015 14h35
- Atualizado em
28/04/2015 15h37
Brasileiro Rodrigo Gularte é executado na Indonésia
Ele foi condenado à morte por tráfico de drogas em 2005.
É o 2º brasileiro executado por pelotão de fuzilamento no país este ano.
O brasileiro Rodrigo Gularte foi preso em 2004 por tráfico de drogas na Indonésia (Foto: AFP)
O brasileiro Rodrigo Gularte, de 42 anos, foi executado na Indonésia na
madrugada desta quarta-feira (29) – horário local, tarde de terça-feira
(28) no horário de Brasília. Ele havia sido condenado à morte por
tráfico de drogas, e a pena foi executada por um pelotão de fuzilamento.De acordo com a emissora 9news, da Austrália, outros sete condenados por tráfico de drogas foram executados. A única mulher condenada do grupo, a filipina Mary Jane Veloso, não foi executada porque a pessoa que a recrutou para transportar drogas se entregou às autoridades. Mary Jane precisa testemunhar no processo desse outro suspeito, por isso o presidente filipino pediu que sua execução fosse postergada.
O paranaense Gularte foi preso em julho de 2004 depois de tentar ingressar na Indonésia com 6 quilos de cocaína escondidos em pranchas de surfe. Ele foi condenado à morte em 2005.
Ele é o segundo brasileiro executado no país este ano – em janeiro, Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, foi fuzilado. Ele também cumpria pena por tráfico de drogas.
A
filipina Mary Jane Veloso, em foto de 21 de abril, durante celebração
do Kartini Day, em homenagem à ativista dos direitos femininos Raden
Kartini, na prisão Yogyakarta. Nesta terça, ela seria executada, mas o
presidente filipino pediu que sua execução fosse adiada (Foto: AFP
Photo/Tarko Sudiarno/Files)
saiba mais
Gularte foi diagnosticado com esquizofrenia por dois relatórios médicos
no ano passado. Em março, uma equipe médica reavaliou o brasileiro a
pedido da Procuradoria Geral indonésia, mas o resultado deste laudo não
foi divulgado.- Familiares chegam ao local de execuções na Indonésia
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Familiares e conhecidos relataram que Gularte passava seus dias na prisão conversando com paredes e ouvindo vozes. Dizem que ele se recusava a tirar um boné, que usava virado para trás, alegando ser sua proteção.
Angelita Muxfeldt, prima de Gularte, passou os últimos meses na Indonésia tentando reverter a decisão. Ela esteve com ele pela última vez na tarde de terça, no horário local, horas antes da execução.
Angelita contou, antes da execução, que não disse ao primo claramente o iria ocorrer, e que ele não sabia o que iria acontecer, apesar de ter sido informado no sábado (25) da morte iminente. Segundo a brasileira, ele sofre de delírios e não entendeu que seria executado, acreditando que ainda seria solto.
Além do brasileiro, sete outros suspeitos foram executados. Todos foram condenados por tráfico de drogas e tiveram seus pedidos de clemência rejeitados.
Eles são os australianos Myuran Sukumaran e Andrew Chan, os nigerianos Martin Anderson, Okwudili Oyatanze, Sylvester Obiekwe Nwolise e Jamiu Owolabi Abashin e o indonésio Zainal Abidin. A filipina Mary Jane Veloso foi poupada. A Austrália e as Filipinas também tentaram diversos recursos para adiar as execuções, além de realizarem pressão diplomática, mas sem sucesso.
Montagem
com fotos de seis dos oito executados à morte por tráfico na Indonésia
na terça (28): acima, a partir da esquerda, os australianos Myuran
Sukumaran e Andrew Chan o nigeriano Martin Anderson. Abaixo, os
nigerianos Jamiu Owolabi Abashin e Sylvester (Foto: AFP Photo)
Crise diplomática
Em janeiro, o fuzilamento de Marco Archer gerou uma crise diplomática entre o país asiático e o Brasil.
Em janeiro, o fuzilamento de Marco Archer gerou uma crise diplomática entre o país asiático e o Brasil.
A presidente Dilma Rousseff se disse "consternada e indignada" com o
ocorrido e convocou o embaixador brasileiro em Jacarta para consultas.
Em fevereiro, Dilma decidiu adiar o recebimento das credenciais do novo
embaixador da Indonésia em Brasília para reavaliar a situação bilateral
entre os dois países. Em represália, o Ministério das Relações
Exteriores indonésio chamou de volta ao país o embaixador no Brasil,
Toto Riyanto, e convocou para uma reunião o então embaixador brasileiro
em Jacarta, Paulo Soares, que deixou o comando da chancelaria indonésia
em março.
Atualmente, a embaixada do Brasil em Jacarta está sendo chefiada,
interinamente, por Leonardo Monteiro, encarregado de negócios da
chancelaria indonésia.
A Indonésia reforçou suas penalidades por crimes de tráfico de drogas e
voltou a realizar execuções em 2013, depois de uma pausa de cinco anos.
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