quinta-feira, 4 de abril de 2013


quinta-feira, 4 de abril de 2013

Poeta de uma geração, Cazuza faria 55 anos nesta quinta-feira


Poeta de uma geração, Cazuza faria 55 anos nesta quinta-feira

Que atire a primeira pedra quem nunca cantou Exagerado a plenos pulmões - com o perdão do clichê. A canção foi lançada em 1985, mas até hoje faz sucesso nas rádios, em casamentos, formaturas, baladas e em muita declaração de amor.

Exagerado é um dos maiores hits de Agenor de Miranda Araújo Neto, ou simplesmente Cazuza, que ficou conhecido como o poeta de uma geração, aquela que deixava para trás uma ditadura e vivia um clima de democracia ainda incipiente no início dos anos 80. Se não tivesse sucumbido à Aids, Cazuza completaria 55 anos nesta quinta-feira (4).

Nascido em 4 de abril de 1958, no Rio de Janeiro, Cazuza foi criado em Ipanema, habituado à praia. Menino bem-comportado na infância, tornou-se um adolescente rebelde. Terminou o ginásio e o segundo grau a duras penas, e, depois de prestar vestibular para Comunicação, desistiu do curso em menos de um mês de aula. Nessa época, já havia começado a fase de sexo, drogas e rock 'n' roll.

Nos anos seguintes, trabalhou em gravadoras e fez um curso de fotografia, mas nada disso o satisfazia. Foi em um curso de teatro que ele descobriu que gostava mesmo era de cantar. Na montagem da peça Pára-Quedas do Coração, ele soltou a voz e gostou da experiência. Só faltava achar a sua turma.

Cazuza deixou o Barão Vermelho em 1985. Sua carreira solo, com quatro discos de estúdio lançados em quatro anos, teve como ponto alto o álbum 'Ideologia', de 1988.

Era 1981 e Roberto Frejat (guitarrista), Dé (baixista), Maurício Barros (teclados) e Guto Goffi (baterista) precisavam de um vocalista para completar sua banda. Cazuza foi indicado pelo cantor Léo Jaime. Sua voz, ideal para os rocks de garagem que os quatro faziam, agradou muito. Animado, o novo integrante resolveu então mostrar as letras que vinha fazendo havia tempos. Rapidamente o grupo, que se chamava Barão Vermelho e só tocava covers, começou a compor e aprontou um repertório próprio.

Dos primeiros shows, em pequenos teatros da cidade, ao disco de estreia foi um pulo. Com uma produção baratíssima, Barão Vermelho, gravado em dois dias, obteve boa recepção da parte de artistas. Entre estes, um dos maiores ídolos de Cazuza, Caetano Veloso, que incluiu Todo Amor que Houver nessa Vida no repertório de seu show.

Barão Vermelho 2 foi lançado em julho de 1983. O álbum ainda não seria um sucesso comercial (vendeu cerca de 15 mil cópias, quase o dobro do primeiro), mas manteve o alto nível do repertório anterior, e arregimentou um público maior para a banda com músicas como Vem Comigo, Carne de Pescoço, Carente Profissional e Pro Dia Nascer Feliz. Esta última consolidaria a dupla Frejat-Cazuza.

Depois veio Bete Balanço, filme de Lael Rodrigues com o qual o rock brasileiro dos anos 80 chegou às telas de cinema. Com a música-título, feita sob encomenda para a trilha, o Barão Vermelho chegou ao grande público. A música acabou incluída no terceiro LP, lançado em setembro de 1984. Contanto ainda com o sucesso Maior Abandonado, o álbum atingiu em dois meses a marca das 60 mil cópias vendidas, e em seis, das 100 mil.

Mas, com o sucesso, e, conseqüentemente, com a maior exigência de profissionalismo, as diferenças entre os integrantes da banda começaram a surgir. Os desentendimentos foram crescendo. Em janeiro de 1985, o Barão fez uma bem-sucedida participação no festival Rock in Rio, abrindo shows para grandes atrações do rock internacional. A continuidade do sucesso, porém, não conseguiu evitar a separação do grupo. Em julho, quando o material para o próximo disco já estava selecionado, a notícia chegou aos jornais: enquanto os outros seguiriam com a banda, Cazuza partiria para a carreira solo.

Poucos dias depois, Cazuza voltava a ser notícia. Tinha sido internado num hospital do Rio de Janeiro com 42 graus de febre. Diagnóstico: infecção bacteriana. O resultado do teste HIV, que ele exigiu fazer, dera negativo. Naquela época os exames ainda não eram muito precisos.

Gravado com outros músicos, o álbum Cazuza, com Exagerado e Codinome Beija-Flor entre as faixas, foi lançado em novembro de 1985 e inaugurou a fase individual do cantor. Só se For a Dois acrescentou novos sucessos à sua carreira. Nessa época, contudo, ele já sabia que estava com aids. Antes de estrear o show, ele tinha adoecido e feito um novo exame. A confirmação da presença do vírus iria transformar sua vida e sua carreira.

Em outubro de 1987, após uma internação numa clínica do Rio, Cazuza foi levado pelos pais para Boston, nos Estados Unidos. Lá, passou quase dois meses críticos, submetendo-se a um tratamento com AZT. Ao voltar, gravou Ideologia no início de 1988. O disco vendeu meio milhão de cópias. Na contracapa, mostrou um Cazuza mais magro por causa da doença, com um lenço disfarçando a perda de cabelo em função dos remédios.

O show viajou o Brasil de norte a sul, virou programa especial da Globo e disco. Lançado no início de 1989, Cazuza ao Vivo - O Tempo não Pára chegou ao índice de 560 mil cópias vendidas. Reunindo os maiores sucessos do artista, trouxe também duas músicas novas que estouraram: Vida Louca Vida, de Lobão e Bernardo Vilhena, e O Tempo não Pára, de Cazuza e Arnaldo Brandão.

Foi pouco depois do lançamento do álbum que ele reconheceu publicamente que estava com aids, sendo a primeira personalidade brasileira a fazê-lo. À medida que seu estado piorava, Cazuza passou a trabalhar mais e mais. Entrou num processo compulsivo de composição e gravou, de fevereiro a junho de 1989, numa cadeira de rodas, o álbum duplo Burguesia, que seria seu derradeiro registro discográfico em vida.

Em outubro de 1989, depois de quatro meses seguindo um tratamento alternativo em São Paulo, Cazuza viajou novamente para Boston, onde ficou internado até março do ano seguinte. Ele morreu em 7 de julho de 1990. O enterro aconteceu no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. Sua sepultura está localizada próxima às de astros da música brasileira como Carmen Miranda, Ary Barroso, Francisco Alves e Clara Nunes.







Da Redação com Jornal do Brasil

 

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